domingo, 20 de dezembro de 2015

Festa, conversa e esperança

Não,
isso não é um samba
Porém, deveria ser
Pois todos os fatos
Aqui descritos ou narrados
Retratam
aventuras em Vila Isabel,
Famosa terra de Noel.

Celebrávamos doutores
Recém-certificados
Que, na cara de pau,
Chegaram atrasados
Mas, tão ilustres eram
Que na festividade
Contaram com a presença
De diversas celebridades.

Escritores e youtubers
Fizeram sua aparição
E até um gibi
Não quis perder o festão.
Um poeta prometeu
Os eventos, registrar,
E, nessa poesia,
Espera não decepcionar.

Um OVNI bem sociável
Não quis ficar de fora
Pela janela adentrou
E aguardou a sua hora.
Honey, um docinho,
Estava apimentado
Garantindo a diversão
De todos os convidados.

Nosso anfitrião era especialista
Em memes maneiros criar
Estava sempre observando
Com sua inventividade ímpar
Claro que a Katy Perry
Não conseguiria escapar
E seu destaque seria
O slogan "Vou bombar!"

Um clássico cinematográfico
Mereceu ser mencionado
O satânico Dr. No
De 007, o primeiro adversário.
Considerando um lançamento atual
De comparável tamanho e porte
Mencionou-se Star Wars
E sua Estrela da Morte

Na referência aos estudos
O MACHO foi recomendado
E o discurso de Nietzsche
Devidamente considerado.
Com o papo de Sócrates
E manipulação entre casais
Quase estavam ofertando
O famoso 2 reais.

Nosso OVNI, de repente,
Resolveu ser temido
Nessa hora o anfitrião
Já tinha se recolhido.
Identificado como Esperança
trouxe foi o desespero
As meninas em pânico
Não podiam ir ao banheiro

Com essa reviravolta
O assunto ficou sério
Encontramos vários especialistas
No extermínio de insetos.
Um fogo de desodorante
Percevejos, já exterminou
Um maçarico culinário
Também podia ser promissor.

A menção ao estranho
Trouxe charme e beleza
E passou despercebido
Que o assunto era pesquisa
A galera observava
E, aparentemente, curtia
Quem disse que físicos
Não sabem fazer poesia?

Todos eram muito humildes
Sem mania de grandeza
E altura possuíam
Dentro da incerteza
Tentavam negar
Mas no rosto se via
Todos se sentiam
Como "Aquela dos 30"

Finda a noite, chega o dia
Encerrando o besteirol
O horário da partida
Veio com o nascer do sol.
Saíram bem de mansinho
Cada um com o que é seu
E disseram que a esperança
Era mesmo um louva-a-deus.

Prece

Está chegando o momento
Do incenso utilizar
Para minhas preces
Ao céu elevar
O pedido sincero
Que faço neste Natal
É paz, harmonia,
Um mundo mais leal.


sábado, 19 de dezembro de 2015

Tocha

Num símbolo,
pequeno
muito se carrega...
Poder divino
trazido aos mortais.
Chama,
convida a união.
Garra,
Luta,
Persistência,
Disputa.
Haverá um campeão!
Arde,
motiva e impulsiona,
Durante todo o tempo,
inflama.
Ei-la
brilhando sobre a rocha.
Não,
não é apenas uma tocha.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

(Sur)presa

Sua presa era assustadora
Dava medo só de olhar
Às vezes, um dinossauro
Noutras, tigre estava lá
Toda vez que o encarava
Me via em um embate
Mas, era Surpresa
Como resistir a esse chocolate?



quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

O precipício

Parecia o caminho mais fácil pra fugir do abismo que sentia por dentro. Perdera as contas de quantas vezes esteve à beira do precipício, mas essa era a segunda vez em que era literal. A vida não lhe tinha sido muito generosa. Vivia angustiada, sentia-se inútil, nada parecia certo. Se perguntava continuamente o porquê de estar viva e por diversas vezes considerara solucionar esse problema. Mas era o tipo de decisão difícil de tomar.

Respirou fundo, correu e saltou...

Tremeu ao se ver sem chão, tremor que logo deu lugar a excitação ao se ver voando na segurança da Asa Delta. E que sensação a de sentir o ar em seu rosto e observar o cenário a sua volta.

A primeira vez em que estivera literalmente a beira do precipício tinha um objetivo bem diferente em mente. E estava decidida. Mesmo com a vertigem que a altura lhe trouxera, não pretendia desistir, no entanto, alguém a convenceu. Lhe disse que teria muito mais a ganhar se se lançasse de cara em novas experiências, que jamais saberia o que a vida tem a oferecer se não assumisse o risco de viver e que, olhando de uma nova perspectiva, os problemas pareceriam menores.

Decidiu não interromper a jornada e valeu a pena. Se sentia viva de verdade e, ao voar, acreditava ser capaz de alçar voos ainda maiores.



segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Limpeza

Em meio a tanta gordura
Olhando aquela sujeira
Não pude ficar quieta
Precisava me manifestar
Chegando ao pé do ouvido
Apressei-me logo em dizer:
Já devia ter aprendido
Detergente é Ipê!

sábado, 12 de dezembro de 2015

Amiga da onça

Aturo de tudo um pouco
Opero qualquer geringonça 
A única coisa que não engulo
É aquela amiga da onça...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Sinuca, chocolate e poesia

Comemorando mais uma primavera,
A noite prometia
Iniciando timidamente 
Com chocolate e poesia

Com a galera reunida 
Estava garantida a zueira 
Do mármore de tua bunda 
À Aorta, a artéria arteira 

Com esse povo não tem bagunça 
Tudo é bem organizado 
E os times já chegaram 
Devidamente uniformizados 

Fabrício, o rei da sinuca 
Mostrou toda a sua habilidade 
Humilhou os coleguinhas 
Sem dó nem piedade 

Zefinha, sua companheira 
Também não ficou pra trás 
Com jogadas bem boladas 
Mostrou seu lado audaz 

Roberto, chamado "eu" 
Não sabia o que fazer 
Até que seu lado sinuqueiro 
Resolveu aparecer 

Thamys começou tímida  
Parecia só observar 
Mas, com uma pequena ajudinha, 
Começou a finalizar 

Bruno veio no atraso 
Mas mostrou o seu valor 
E entre os destaques 
O seu nome figurou 

Eli, a aniversariante, 
Preferiu inovar 
E na imunidade dos tracinhos 
Ninguém pôde lhe ganhar 

Eu bem disse no momento 
Jogar sinuca não sei fazer 
Melhor seria se tentasse 
Uma poesia, escrever 

No final o que rolou 
Foi o jogo das iniciais
Que acabou se mostrando, 
Entre todos, o mais voraz

Em trios organizado 
Rendeu um bom tanto 
E foi, por fim, terminado 
Com tudo preto no branco

domingo, 6 de dezembro de 2015

O pianista

Toca
Ouço
Me toca
Sinto
Me entrego
Viajo
Sonho
Realizo...

Difícil expressar
Todas as emoções contidas
O que é possível experimentar
Através das notas do pianista

sábado, 5 de dezembro de 2015

Aquilo que queremos

Queremos muitas coisas
Que achamos necessário
Aprender um idioma
Terminar um doutorado
Mas demanda muito esforço
Tantas coisas buscarmos
E o tempo precioso
Nos parece muito escasso...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Trincou

Já não sabia como começara a se sentir assim. Ou melhor, como começara a não sentir. Fazia muito tempo que vivia uma vida sem cor, nem mesmo cinza, e era indiferente a essas coisas que chamavam sentimentos. Nem raiva, nem medo, nem ansiedade, --- e isso até parecia bom não sentir --- nem carinho, nem amor --- e isso a deixava vazia. Era como se vivesse em uma redoma que a isolava dos sentimentos no mundo exterior. Acostumou-se a viver como uma máquina, fazendo o que tinha que fazer mecanicamente, sem nenhuma emoção que a impulsionasse. Seguindo a sua rotina, aprendeu a conviver com a apatia.

Era um dia como outro qualquer. Estava a caminho do trabalho. Enquanto aguardava junto a calçada para atravessar a rua, uma senhora pediu que a auxiliasse nessa tarefa. Prontamente, estendeu o braço e, juntas, atravessaram. Ao chegarem na calçada dou outro lado, a senhora abriu um sorriso e agradeceu-lhe fervorosamente. Tamanha foi a gratidão e simpatia que exalavam da senhora que não pôde se manter imune, não podia não sentir. E, naquele momento, o vidro trincou, sentiu algo. Seria a gratidão? A simpatia? Não sabia ao certo, mas parecia o início do fim da apatia.


terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Pronome

Vem, substituto,
Pro nome descansar
Pode não ser o da rosa
Mas assume o seu lugar

Na pessoa do discurso
Conjuga o que vier
Mesmo que tortuoso
Aceita, objeto, ser

Trata com o respeito
Devido a quem de direito
E, ainda que desconhecido,
Sabe falar do sujeito

Demonstra a localidade,
Indica a posição
Com a mesma facilidade
Com que mostra possessão

Pergunta ao velho amigo
Argumenta e questiona
E aqueles divididos
Com prazer, os relaciona

Quisera eu, de verdade,
Mudaria até meu nome
Se tivesse a habilidade
Que possui o tal pronome