sábado, 30 de outubro de 2021

Resenha: Chain of Iron - Cassandra Clare (DLL21: calhamaço)

Mais uma resenha pro Desafio Literário Livreando (DLL21)! Acho que já foi dito por aqui que sou fã do trabalho da Cassandra Clare, então, sempre que possível, aproveito a oportunidade pra encaixar seus livros no desafio. Com mais de 600 páginas, o Chain of Iron atende tranquilamente os critérios para ser considerado um calhamaço. Confesso que tinha planejado lê-lo no início do ano (cheguei até a começar), mas fui adiando a leitura para quando eu pudesse dar a ele a atenção merecida (oo talvez só estivesse adiando o sofrimento mesmo). rs

ALERTA: Pode conter spoiler dos livros anteriores.

Chain of Iron (Corrente de Ferro) é o segundo livro da trilogia The Last Hours (As últimas horas) e dá sequência aos acontecimentos de Chain of Gold (Corrente de Ouro).

Cassandra Clare continua me surpreendendo e me lembrando o quanto eu amo o que ela escreve, apesar de todo o sofrimento que ela me causa. Eu já sabia que ia sofrer nesse livro, mas definitivamente não estava preparada pra esse final. Não vou comentar muito sobre a trama pra não correr o risco de dar spoiler, mas posso dizer que foi um livro com bastante ação, muitas tretas e revelações. Amo como todos os personagens são muito bem construídos e reais, com qualidades e defeitos, com experiências e traumas que moldaram como são e a maneira como vivem.

Falando dos personagens que eu amo tanto, e com os quais sofro muito, preciso dizer como James é maravilhoso. Esse foi o pensamento que mais me ocorreu no início da leitura. Apesar das tretas (não posso contar quais), ele mostra todo o seu cuidado e preocupação, mostra o quanto é honrado e preza por ser sincero com seus amigos e por fazer o que acha certo. Pra quem não leu Ghosts of the Shadow Market, nesse livro é finalmente revelado o segredo do Matthew. Como eu quero pegar ele no colo e ajudá-lo a superar o trauma e se perdoar. Amei tanto ver a cena que teve do ponto de vista do Christopher, nosso cientista querido. E a Cordélia? Continua sendo maravilhosa, mas como senti sua angústia. São tantos personagens queridos que se eu começar a escrever sobre todos não vou parar: Thomas, Anna, Lucie, Will, Tessa, Magnus, Jem, ... Já até estou me afeiçoando a Ariadne e Alastair também, e sentindo pena da Grace. E tem personagens novos bem legais também. Dei umas boas risadas com a Filomena Di Angelo.

Acho que vale notar como o livro me levou a refletir sobre os segredos que mantemos e como isso afeta a nós mesmos e aos que amamos. E como os laços de amizade são importantes! Adoro ver a "peças" que se conectam com as outras séries do universo dos caçadores de sombras. 

Terminei o livro sofrendo horrores e angustiada, rezando pra que, no encerramento da trilogia, nossa querida autora possa dar um final feliz para nossos amados personagens. Acho que nem preciso dizer que aguardo ansiosamente o próximo lançamento.

Alguns dos meus trechos favoritos (com tradução livre):

"Don't have too much hope, Lucie. Sometimes hope is dangerous."
(Não tenha muita esperança, Lucie. Às vezes, a esperança é perigosa.)

"We are none of us perfect, and no one expects perfection. But when you have hurt people, you must allow them their anger. Otherwise it will only become another thing you have tried to take away."
(Nenhum de nós é perfeito e ninguém espera perfeição. Mas quando você magoa as pessoas, deve permitir que elas fiquem com raiva. Caso contrário, só se tornará mais uma coisa que você tentou tirar.)

"The wound is the place where the Light enters you."
(A ferida é o lugar onde a Luz entra em você.)

"I believe in forgiveness, you know. In grace. Even for the worst things we do."
(Eu acredito no perdão, você sabe. Em graça. Mesmo para as piores coisas que fazemos.)

"... when you want something very much, you are willing to accept the shadow of that thing. Even if it is just a shadow."
(... quando você deseja muito algo, está disposto a aceitar a sombra dessa coisa. Mesmo que seja apenas uma sombra.)

"... sometimes you cannot reconcile with someone else. Sometimes you have to find reconciliation on your own. Someone who broke your heart is often not the person who can mend it."
(... sometimes you cannot reconcile with someone else. Sometimes you have to find reconciliation on your own. Someone who broke your heart is often not the person who can mend it.)

"'That love is complicated,' said Cordelia. 'That it lies beside anger and hatred, because only those we truly love can truly disappoint us.'"
('Que o amor é complicado' disse Cordelia. 'Que está ao lado da raiva e do ódio, porque apenas aqueles que realmente amamos podem realmente nos decepcionar.')

"We are special, unusual, unique people. That means that we must be bold and proud, but also careful. Don't think you have so much to prove that it makes you foolish."
(Somos pessoas especiais, incomuns e únicas. Isso significa que devemos ser ousados e orgulhosos, mas também cuidadosos. Não pense que você tem tanto a provar que isso o torne um tolo.)

"'The nature of taking a vow,' he said, 'is that you must apply your will to fulfilling that vow. If I could no longer choose my order, choose my duty...' He shook his head. 'What would such a vow even mean'"
('A natureza de fazer um voto ', disse ele,' é que você deve aplicar sua vontade para cumprir esse voto. Se eu não pudesse mais escolher a minha ordem, escolha meu dever ...' Ele balançou a cabeça. 'O que tal voto significaria?')

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Resenha: Persépolis - Marjane Satrapi (DLL21: biográfico)

Mais uma resenha pro Desafio Literário Livreando (DLL21)! Eu tinha separado um outro livro pra esse tema, mas quando ganhei Persépolis das minhas amigas de presente de aniversário, quis logo arrumar uma desculpa para lê-lo e encaixei nesse tema.

Em Persépolis, a autora faz uma autobiografia em quadrinhos. Eu confesso que não sabia o que esperar desse livro mas fui positivamente surpreendida. Que história de vida!

Nos relatos de sua infância, vemos muito sobre sua cultura, o impacto da mudança dos regimes que dominavam seu país e a realidade da guerra. Acho que é algo muito difícil de imaginar para quem nunca vivenciou. Ainda na adolescência, ela se vê morando em outro país em busca de uma realidade melhor e enfrenta as dificuldades de viver como estrangeira e sem seus pais. Vemos alguns dos seus erros e o aprendizado que tirou deles, como foi importante o apoio da sua família, e toda a sua trajetória de crescimento e amadurecimento.

Acho que o que eu escrever aqui não vai fazer jus a essa história de vida. Ler esse livro foi uma experiência maravilhosa pra mim que, além de me permitir conhecer uma realidade diferente da minha, me proporcionou muita reflexão. Amei e recomendo!

Alguns dos meus trechos favoritos:

"A razão da minha vergonha e da revolução é a mesma: a diferença entre as classes sociais." 

"Na vida você vai encontrar muita gente idiota. Se te ferirem, pense que é a imbecilidade deles que os leva a fazer o mal. Assim você vai evitar responder às maldades deles. Porque não tem nada pior no mundo do que a amargura e a vingança... Seja sempre digna e fiel a você mesma."

"É o medo que nos faz perder a consciência. É ele também que nos transforma em covardes. Você foi corajosa! Estou orgulhosa de você!"

"Vivam juntos pelo tempo que se sentirem realmente felizes. A vida é curta demais para ser mal vivida."

"Tem razão. É difícil escolher entre o fanatismo de uns e o desprezo de outros."

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Resenha: Dom quixote de la mancha - Miguel de Cervantes (DLL21: que lembre sua infância)

Mais uma resenha pro Desafio Literário Livreando (DLL21)! Esse livro lembra a minha infância de maneira incomum: não por tê-lo lido mas por não ter lido. Eu ganhei o Dom Quixote da escola quando concluí o Ensino Fundamental e acabei não lendo. Finalmente, tomei vergonha na cara e li. Antes tarde do que nunca. rs

Em Dom Quixote de la Mancha, acompanhamos as aventuras de um fidalgo que resolveu se tornar um cavaleiro andante. Essa minha edição conta com a tradução e adaptação de Ferreira Gullar e ilustrações de Gustave Doré. Ela é bem bonita.

Já gostei bastante de ler a nota do tradutor no início do livro. Não sei se é porque estou ficando velha, mas gosto bastante de ler notas, apresentações, introduções. Acho que já me trazem pra dentro da história e enriquecem ainda mais a experiência da leitura quando apresentam o contexto em que se insere.

Apesar disso, não sabia ao certo o que esperar dessa leitura. De início, não pude julgar Dom Quixote: muitas vezes parece mais interessante se viver a fantasia que a vida real. Mas preciso confessar que eu não esperava que ele fosse me conquistar tanto. Ao longo do livro, ele e seu fiel escudeiro Sancho Pança foram me envolvendo de tal maneira que terminei o livro chorando. Me diverti muito com muitas de suas desventuras e fiquei admirada com sua coragem e determinação. Gostei muito dos vários provérbios citados por Sancho. Nem sei bem o que falar sobre o livro. Refleti bastante ao longo da leitura (isso tem acontecido frequentemente e acho que é outro sinal de que estou ficando velha rs). Gostei muito!

Alguns dos meus trechos favoritos:

"a virtude é mais perseguida pelos maus do que amada pelos bons." 

"... todos estamos sujeitos à morte e tão depressa se vai o cordeiro como o carneiro, e ninguém pode esperar mais horas de vida do que Deus lhe queira dar."

"Contanto que possa vê-la, tanto se me dá que sejam cercas ou janelas ou grades de jardim. Qualquer raio de sol de sua beleza será suficiente para iluminar-me."

"Na comédia é como na vida, ao fim de uma e de outra, a morte nos tira as roupas e vamos todos iguais para a cova."

"Porque quem erra e se emenda, a Deus se recomenda."

"Será, por ventura, perder tempo vagar pelo mundo, não para divertir-se, mas para experimentar-lhe as asperezas e assim conquistar a imortalidade?"

"junta-te aos bons que serás um deles."

"os valentes têm de ter resignação nas derrotas, tanto quanto têm alegria nas vitórias."