quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

O precipício

Parecia o caminho mais fácil pra fugir do abismo que sentia por dentro. Perdera as contas de quantas vezes esteve à beira do precipício, mas essa era a segunda vez em que era literal. A vida não lhe tinha sido muito generosa. Vivia angustiada, sentia-se inútil, nada parecia certo. Se perguntava continuamente o porquê de estar viva e por diversas vezes considerara solucionar esse problema. Mas era o tipo de decisão difícil de tomar.

Respirou fundo, correu e saltou...

Tremeu ao se ver sem chão, tremor que logo deu lugar a excitação ao se ver voando na segurança da Asa Delta. E que sensação a de sentir o ar em seu rosto e observar o cenário a sua volta.

A primeira vez em que estivera literalmente a beira do precipício tinha um objetivo bem diferente em mente. E estava decidida. Mesmo com a vertigem que a altura lhe trouxera, não pretendia desistir, no entanto, alguém a convenceu. Lhe disse que teria muito mais a ganhar se se lançasse de cara em novas experiências, que jamais saberia o que a vida tem a oferecer se não assumisse o risco de viver e que, olhando de uma nova perspectiva, os problemas pareceriam menores.

Decidiu não interromper a jornada e valeu a pena. Se sentia viva de verdade e, ao voar, acreditava ser capaz de alçar voos ainda maiores.



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