terça-feira, 16 de junho de 2015

Mãe no Delírio

Saía do trabalho quando encontra uma amiga e a saúda sorridente. Após os cumprimentos, ela o diz:
— Bem vi sua mãe no Delírio.
Por um momento, empalidece. Isto não condizia com o que conhecia de sua mãe. O susto é grande, os segundos parecem uma eternidade, falta o ar. A amiga vê sua confusão e completa:
— Ela estava almoçando ontem no Delírio Tropical.
Ao ouvir isso, respira aliviado.

A febre

Ninguém nunca soube o porquê
Mas o fato era bem conhecido
Não gostava da dança, não suportava as canções
Nem a menção do nome era fácil engolir
Já saira da sua própria festa
Para não ter que ouví-los
Backstreet Boys! NAO!
A essa febre não iria se render

domingo, 14 de junho de 2015

Futuro do pretérito

Escreveria uma linda poesia
Causaria uma boa impressão
Seria um tema por dia
Tiraria daí uma lição

Escreveria uma linda poesia
Que homenagearia o Futuro do Pretérito
Dia 13 seria o grande dia
Mas só no 14 obtive o mérito

sábado, 13 de junho de 2015

Papo de ônibus

Não queria escutar a conversa alheia mas, estando sozinha no ônibus, mesmo sem querer acabava deixando sua atenção ser pega por alguma. Foi o que aconteceu. De repente, pegou um final de frase e ouviu "...eutanásia!" com a maior alegria. Isso não fazia o menor sentido. Sabia o que significava e não achava que combinasse com a entonação dada. Não resistiu e começou a prestar atenção na conversa. Papo vai, papo vem. Uma história daqui, uma fofoca dali. E aquele papo não aparentava ter nenhum relação com a palavra que ouvira. Por fim, quando uma das senhoras se despedia pois estava prestes a descer do ônibus, ouviu: "Não é mesmo motivo de alegria?! Lineu, meu filhinho Lineu tá na Ásia!" E então tudo fez sentido...

O equilibrista

Não importa a altura, nem a dificuldade
Pode ser estreito ou até tremer
Passem ventos, façam barulho
Sua concentração é preciso manter
Mesmo com todas as adversidades
Se mantém de pé, em equilíbrio
Seja no picadeiro, no palco ou na vida
O equilibrista é um verdadeiro artista

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Novo caminho

Estava de saída. 
Enfim, decidira optar pela mudança. Receava enfrentar o que a esperava. Há muito vivia desta maneira e temia o novo. Mas o que vivia ali ja nao poderia mais se chamar vida. Doía pensar em tudo o que passou. Era difícil acreditar como se submetera a tantos ultrajes. Finalmente, encontrou a coragem dentro de si, pegou tudo o que lhe pertencia, que não era muito, e foi seguir seu novo caminho. Dignidade reestabelecida.
Deixou para trás somente o molho de chaves pois por essa porta não mais entraria.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Um dia frio...

Céu cinza, dia nublado.

Após a constatação, vem o desânimo, bate uma preguiça. Recorda-se e agradece a Deus por ser sábado. Dorme mais um pouco e acorda com mais disposição. Mas ainda nao sabe o que fazer. Definitivamente, não sairia de casa hoje. Não com esse clima.

Lembra-se, então, de uma bela canção de Djavan: "Um dia frio, um bom lugar pra ler um livro e o pensamento lá em você..." e aceita a ideia. Não tem em quem pensar, mas o que não falta em sua casa são lugares aconchegantes para leitura. Prepara um chocolate quente, escolhe na estante um dos seus livros favoritos e coloca uma música ambiente, suave. MPB porque combina. Acomoda-se e mergulha nas páginas e letras.

Apesar do céu cinza, a manhã se torna colorida. Não poderia ser melhor...

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Oh, Aorta!

Oh, Aorta! Como assim não estou morta?
Após perder algo, pra mim, tão vital
Esse amor que pensei ser imortal
E que se foi antes mesmo que percebesse.

Oh, Aorta! Esta dor me corta!
Depois de tudo, não imaginava que tanto ar teria
Desejava mergulhar nesta melancolia
E me asfixiar na triste solidão.

Oh, Aorta! É assim que te comportas?
Pensei que ao final saberias como agir
Que a melhor atitude saberias discernir
E me permitirias uma doce partida.

Oh, Aorta! Por que te importas?
Não pensei que fosses uma artéria arteira
Muito menos que fosses traiçoeira
E me negarias este meu desejo.

Oh, Aorta! Abra-me uma porta!
Tudo que eu queria era morrer de amor
Mas me obrigaste a viver com a dor
Então ajude-me a reaprender a amar.

terça-feira, 9 de junho de 2015

O elefante é fã de PARMALAT

"O elefante é fã de PARMALAT"
Um dia ouvi dizer
Que coisa mais estranha
Pra uma propaganda de TV

Porque leite é mesmo coisa
Que gato gosta de beber
E não pra elefante
Que salada prefere comer

Talvez eles devessem
Focar no cachorro, que late
E esse verbo sim
Rima bem com PARMALAT

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Recanto

Lá era o lugar onde o problema se tornava menor
Era o abrigo onde se refugiava
A sombra de uma árvore, uma boa paisagem
Constituíam o local perfeito para um momento de solidão
Inspirava o ar, sentia o frescor
Com o seu violão a tocar uma canção em lá menor

terça-feira, 2 de junho de 2015

Minha Menina Marina

Seu rosto já não esconde as marcas da idade, reflete com clareza os muitos anos já vividos. Carrega consigo suas experiências: os anos de trabalho, os filhos criados, os netos que já davam trabalho. Soube tirar dos tropeços uma lição, dos sofrimentos, fortaleza, e valorizou sempre cada momento de alegria. Para quem a conhecia, era impossível não admirá-la.

Ao vê-la ajeitar com carinho a mesa do café da manhã, vejo sua incansável dedicação e seus graciosos movimentos. Os lugares sendo postos com toda delicadeza e a felicidade contagiante de quem aguarda a família numa linda manhã de domingo. Me pego mais uma vez admirando seu rosto. Suas rugas a deixavam ainda mais bonita, seu sorriso era a coisa mais cativante do mundo e era capaz de iluminar até as profundezas mais escuras.

Ela, então, percebe e olha pra mim. E ao olhar em seus olhos ainda vejo a jovem que um dia conheci e que mudou todo o meu mundo, sem a qual não soube mais viver e quem nunca mais deixei de amar. Mesmo velinha, para mim, será sempre: minha menina Marina!