terça-feira, 28 de setembro de 2021

Resenha: Esta indescritível liberdade - Igor Mendes (DLL21: de autor brasileiro nunca lido)

Mais uma resenha pro Desafio Literário Livreando (DLL21)! Eu tive o prazer de trabalhar com o Igor Mendes no Pré-Vestibular Social do CEDERJ no polo de Duque de Caxias e fiquei muito feliz quando soube do lançamento do seu livro. Estava ansiosa para conhecer seu trabalho na escrita e aproveitei o tema para ler a sua obra.

Sinopse:
A juventude pulsante de um adolescente de 15 anos. As brigas, as amizades, os amores e os ódios de uma época em que tudo é movimento. As dúvidas de um professor de uma escola de periferia, o impasse permanente entre o sonho de uma vida nova e a vida dura real de todos os dias. Sonhos desfeitos, o subúrbio que não é mais como antes, o passado que insiste em se fazer notar a cada momento. Um romance sobre existências comuns atravessadas pelos grandes dilemas do Brasil às vésperas das manifestações de junho de 2013.

O livro é de leitura fácil, possui capítulos curtos e intercala diferentes momentos da vida de André. O primeiro capítulo já joga uma "bomba" que me deixou intrigada e só bem depois fui entender como a história chega nesse ponto.

Foi uma leitura que me levou a refletir muito. O livro apresenta uma realidade difícil e não tão conhecida, um Rio de Janeiro não tão popular. Me levou a pensar muito sobre como nossas escolhas nos definem, os diferentes fatores que as influenciam, como escolhas que são consideradas ruins para uns podem ser boas pra outros e como, às vezes, parece não haver escolha.

Falando em Rio de Janeiro, curti muito que esse tenha sido o "cenário" escolhido. Adoro ler livros que se passam na minha cidade, reconhecendo bairros e referências, vendo a minha realidade retratada. Enfim, amei o livro e recomendo.

Alguns dos meus trechos favoritos:

"Bobagem essa coisa de 'enterrar o passado': ele é teimoso e fica." 

"A vida é uma coisa só, novelo que não se acaba e que vai se emendando."

"Aguentar as consequências é sempre um problema de convicção."

"Na adolescência, descobri que música podia ser muito mais do que som. Era também um jeito de ser, de pensar, de agir."

"Uma vez eu li uma frase que dizia que a felicidade não é um ponto no final duma estrada; ela é a própria estrada."

"A geração que nos antecedeu lutou contra um inimigo duro, mas, evidente, que era o regime militar. E a nossa geração, saberá afinal contra quem deve lutar?" 

"Por que, para ter pão, é preciso renunciar por completo à liberdade?"

"Como num filme, imaginava que pelo simples fato de termos razão, ou de supor que tivéssemos razão, tudo acabaria bem."

"Afinal, pode-se mudar de pele, mudar o coração é coisa muito mais difícil."

"Havia também uma enorme biblioteca, onde eu reparei, pela primeira vez, na riqueza que pode estar contida em alguns minutos de silêncio. Eu lia e lia, na escola, no trem, em casa. A música continuava importante, mas eu já não encontrava nas letras resumidas todas as respostas que a minha mente inquieta procurava."

"Incrível como se escreve e se canta sobre esta cidade, mas poucos  tão poucos  a conhecem por dentro."

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